Então para seguir com plano inicial estou tentando montar um novo texto (o que parece uma constante na minha vida, tenho a impressão de estar sempre nessa tentativa), vou abordar um pouco das impressões que tive ao ler o livro, logicamente é uma pretensão inocente sem nenhum viés literário profundo.
Quando inicio uma leitura recreativa tenho o hábito de pular a introdução, de transforma-la em capítulo final do livro.
Faço isso motivada pela minha ansiedade doentia, que não me deixa ter paciência para esperar nem mais um segundo para ler o livro, mas também porque a introdução tende a ser a impressão do seu autor sobre o livro e isso sempre me pareceu uma forma de trapacear nas emoções que o livro deverá transmitir.
Meu contato com o livro tem que ser algo íntimo, ele me mostrará o que sentir, não vale ter um guia, um amparo para saber se estou sentindo direitinho o que deveria.
Depois de tanta enrolação, vou finalmente tentar narrar onde fui levada pelo maravilhoso Kake, já escrevi sobre como me apaixonei e adquiri o livro, agora chegou o momento de compartilhar como a minha paixão foi devidamente correspondida.
Na capa temos o belo desenho do Kake personagem que irá nos acompanhar durante todo o livro, a primeira impressão que tive sobre ele foi de um o homem viril, charmoso, cativante, com aquele olhar sacana que tem o poder de despertar o nosso lado mais selvagem, acho que seria consenso dizer que ele exala erotismo.
Ao sair da capa e entrar na história me deparei com Kake encantando e sendo encantado por diversos homens, enquanto explorava suas fantasias sexuais e certamente se divertia.
As histórias são maravilhosas, pois conseguem ultrapassar a barreira do sexo meramente individual, do "eu gosto e pronto", essa noção egoísta do sexo passa longe.
Tom of Finland tem a sensibilidade de retratar as cenas de sexo como algo prazeroso para todos os envolvidos, é nítida a dedicação de todos em não só receber prazer mas também em dar prazer há toda uma relação de troca que faz a leitura ficar ainda mais viciante e cativante.
Outro ponto que me prendeu foi a troca de afeto entre os personagens, apesar de muitas das cenas abordarem o sexo casual, há respeito e afeto entre eles e em vários momentos são captados atos de ternura.
Atualmente há uma grande facilidade em se consumir erotismo, estamos sendo constantemente bombardeados, contudo a qualidade muitas vezes deixa a desejar, mostrando cenas de sexo que não se parecem nada com a realidade e que não transparecem nada além de penetrações frias, sem envolvimento, o completo oposto do que é passado por Tom of Finland, Kake é um homem bem resolvido sexualmente, que esta se divertindo, com muito sexo casual, carinho e respeito sem objetificar os outros.
Foi uma experiência divertida e ate libertadora, ver homens que pela normatividade imposta pela sociedade seriam tidos automaticamente como heterossexuais, apenas por não serem frágeis e afeminados e sim fortes, musculosos, exercendo trabalhos pesados, viverem livremente sua sexualidade homoafetiva, sem julgamento ou culpa.
Depois me permitir uma experiência completa e livre de guias retomei a introdução para descobrir um pouco mais sobre o autor do livro que proporcionou momentos tão agradáveis.
O autora da introdução Dian Hanson transpareceu ter um carinho grande e admiração por Tom of Finland, pegarei emprestado alguns trechos da introdução para dar uma idéia a cerca da vida do Tom.
Tom of Finland não é o nome de batismo do autor, ele se chama Touko Laaksonem, nasceu em 1920 em Kaarina, filhos de professores, cresceu lendo e aprendendo a tocar piano.