Phisis
Final do ano sempre traz umas complicações, dependendo da pessoa a problemática muda, para uns o difícil é encontrar todos os parentes, para outros é comprar todos os presentes que os pequenos esperam do papai noel.
A minha complicação esta longe de ser um problema, é mais uma questão de tempo, conciliar festividades familiares com os amigos queridos, geralmente os amigos saem prejudicados e os encontros vão acontecendo ao longo do novo ano.
3 de janeiro foi dia de reencontro, ainda estava me recuperando da maratona da passagem de ano e estava resmungona e ele delicado como um trator não se furtou de comentar diversas vezes meu mau humor, mas mesmo assim me aturou.
Nossa programação era andar no shopping, ele já chegou 20:40, então já me deu motivo pra reclamar, eu desço ele ta comendo sorvete, ensino um novo caminho para ir ao shopping, chegando na entrada do estacionamento, que tal irmos a loja de construção, mudança de planos, passamos pelas luminárias cafonas, andamos pelos pisos elaborados, declaro minha paixão por madeira e depois de muito andar partimos para o objetivo número um, o shopping.
Corremos para comprar sua droga favorita, chocolates absurdamente caros, que eu particularmente não entendo o motivo, além de serem usados para me fazer passar o resto da noite negando receber bombas de chocolate na boca, duas lojinhas bobas depois, tudo começa a fechar, enquanto nos encaminhamos para a joia do shopping, a livraria.
Para nosso deleite já esta praticamente vazia, uma paz, já nem lembro se a música de fundo ainda tocava, sem gente falando, caminhos vamos aos quadrinhos, falamos trivialidades, consulto preços, andamos um pouquinho mais e chegamos ao cantinho de um dos nossos interesses sexualidade e fotos, prontamente nos aconchegamos no chão e as descobertas se iniciam.
Temos umas diferenças bem gritantes, eu tentando ganhar a vida e ele já estabilizado tentando melhorar de vida, isso sempre acarreta na mesma coisa, ele quer viajar e eu mal posso sair, ele me chama pra sair e eu tenho que ficar em casa para poupar e o pior/melhor de tudo é que ele vive a me presentear e eu vivo mal por nunca retribuir.
Mas esse fim de ano, que aconteceu no começo do ano, eu estava decidida, daria um presente a ele, de qualquer jeito, só não sabia o que ainda, mas o cenário se desenhou perfeitamente e eu me deparei com o presente, um livro, recheado com fotos de homens nus dividido por décadas, mostrei a ele, ele logo curtiu, falei que verificaria o preço e o deixei se distraindo com as outras maravilhas.
Sorrateiramente fui ao caixa, paguei, falei que era presente, mas que não precisava de embrulho, entreguei a o presente,sem embrulho, sem dedicatória e seguido de se quiser aproveitar que a gente ta aqui e trocar por outra coisa fica livre.
Não foi a troca de presente mais calorosa do mundo, mas foi sincera, ele logo riu e adorou o presente, voltamos ao nosso cantinho, a essa hora a livraria inteira era praticamente nossa, poucos gatos pingados ainda faziam alguma leitura ou pesquisa.
Continuamos conversando, vendo livros, ele me fotografando sem parar, zoando meus pés, me chamando de hobbit, isso tudo nosso mundinho tranquilo, cercados de estantes de madeira, em um chão de madeira, com milhares de livros a nossa volta, tudo perfeito, vamos fazendo descobertas, até que eu me deparo com um livro e fico apaixonada pelo personagem da capa, desconheço o autor e sua história, mas prontamente ele pega o livro da minha mão e começa a me contar sobre o autor, enquanto tira do plastico o livro e me deixa folhear.
Sofro muito constantemente da doença "paixão a primeira folheada", dessa vez não foi diferente, me vi perdida de amores, fui conferir o preço e percebi que perdida mesmo era minha conta bancária e que dessa vez essa paixão não se realizaria, voltei para nosso lugar cabisbaixa e relutante, mas entreguei o livro para ele com as palavras marcantes - por direito é meu, vi primeiro, mas como não tenho dinheiro é seu.
Continuamos fuxicando, conversando, até que a fome apertou e fomos embora para o caixa, ele pagou e pediu para presente, eu lerda nem percebi, mas assim que a caixa devolveu o livro embalado, ele me deu!!!!
Nossa troca de presentes não poderia ter sido melhor, quando comecei a escrever pensei em falar do livro, mas acabei falando de nós e esta bem também, nós realmente somos uma dupla que vale a pena falar quantas vezes forem necessárias, você sempre me faz bem, sempre haverá tempo para falar sobre livros e pessoas falando de livros, mas só tem duas pessoas para falarem sobre a nossa relação, então espero que isso conte como dedicatória.
Obrigada por todo carinho, cuidado e amor doados a mim, meu querido ursinho. 


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