Phisis
Eu tive o prazer de conhecer meninas incríveis, realmente fantásticas e algumas eu tenho a sorte de chamar de amigas, que estão buscando suas realizações, seus sonhos, uma maneira de evoluir e se parecer mais com que esperam de si.
Toda essa eterna busca é maravilhosa, eu mesma compartilho dessa constante vontade de me aprimorar, de me tornar uma melhor versão do que eu sou e posso ser.
No meu caso essa busca é algo muito pessoal, não tenho um modelo externo fixo, do tipo "quando crescer eu quero ser igual fulaninho de tal", claro que tenho modelos diversos, pessoas que eu admiro certos traços, mas sobre tudo tento ter em mente que não é um modelo fechado.
Cheguei a essa idéia ao me deparar com pessoas que possuem características admiráveis que no entanto são aversos a minha personalidade e me forçar a ter tais características seria mais um deserviço, não quero me parecer com um padrão do que é considerado bom, quero sentir como se houvesse realmente alcançado o meu melhor.
As vezes conversando com as minhas queridas percebo que o amor as faz esquecer do que podem ser, ser um par é ceder, é aprender a compartilhar, a ponderar as necessidades e as possibilidades, mas nessa balança as desvantagens me parecem pesar com certa regularidade no lado feminino. 
E de certa maneira elas sabem disso e dão as mais diversas explicações," monetariamente é mais vantajoso que ele se especialize mais","ai isso não ia dar em nada mesmo","nós dois estamos nos sacrificando, é injusto eu insistir nisso","eu me adapto mais fácil".
Me pergunto se isso é uma disposição delas ou se socialmente fomos treinadas para aceitar mais abrir mão das nossas vontades, dos nossos objetivos, nessa sociedade patriarcal soa até complicado pensar em mulheres com planos, com vontades além de complementar uma parceria.
Vejo muito das minhas meninas com esse sentimento limitante e no fundo se é auto imposto ou socialmente introjetado não é realmente o que despertou meu pensamento hoje, o que me levou a refletir foi o futuro.
Quanto tempo podemos ser felizes abrindo mão de nós mesmas? Quanto tempo dura nossa auto omissão?
Deixar de ser quem se é por um bem coletivo, pode se mostrar eficiente a curto prazo, resolve as pequinesas, mas cria sombras, que no começo não são relevantes, no começo você tem orgulho de como o outro brilha, rola toda uma atração por aquela luz, como ele é inteligente e como você o apoia nesse crescimento, até que a luz dele deixa de ser suficiente para afastar as sombras.
Tenho medo que um dia elas se encontrem cercadas de frustrações e se sintam perdidas, as vezes mergulhamos muito fundo e quando tentamos nos situar não conseguimos saber qual a diferença de subir ou descer.
Esse sentimento pode levar a um ressentimento complicado de curar e partiria meu coração ver os meus raios de sol opacos de amarguras, espero que todas tenham força para traçar seus caminhos e que entendam como são importantes e únicas, capazes de realizar os feitos mais incríveis.
Todos já passamos por angustias e não é fácil sair delas, mas com certeza saímos mais fortes, meu desejo é que sempre saibamos onde é o nosso norte, ficar perdido faz parte de percorrer qualquer caminho, mas saber se achar é a batalha real, pelo menos para mim.