Phisis

As vezes eu lembro que você partiu meu coração e me sinto tão sozinha, me sinto novamente sentada sentindo que tudo se partia e me custa mais tempo do que eu gostaria lembrar que isso passou, que a dor não doi mais, é só uma lembrança, mas mesmo assim you broke my heart.

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Atualmente todos estão preocupados com perfeição esquecem que um bom samba é uma forma de oração.

O perfeito nem sempre é o melhor, muitas vezes pode ser estéril, mecânico, sem significado, acaba por ser o vazio agradável, isso é suficiente para algumas pessoas, mas a mim não basta.

Me atrai o místico, acredito no ritual de passar energia, por isso prefiro as coisas que carregam uma espécie de magia, uma partícula de caos individual que faz delas únicas, pode ser ainda meio torto, desde que honesto, que aceita suas limitações e se diverte em si.

Enquanto o perfeito tem que cumprir exigências, não pode se dar ao luxo de ser livre, de ser uma tentativa, muitas vezes está acaba por ser o garantido, o esperado, o que já é certo de agradar, não quer surpreender, se contenta em ser o mesmo que o anterior e que por sua vez será igual ao próximo, o mais do mesmo, enquanto a fórmula funcionar.

Eu procuro uma forma de oração e esse tipo de coisa não esta na esquina, tem que ser conjurado, o que da trabalho, é preciso suor e amor para se ter um amuleto de proteção, então busco mãos apaixonadas que ainda se importam.
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Final do ano sempre traz umas complicações, dependendo da pessoa a problemática muda, para uns o difícil é encontrar todos os parentes, para outros é comprar todos os presentes que os pequenos esperam do papai noel.
A minha complicação esta longe de ser um problema, é mais uma questão de tempo, conciliar festividades familiares com os amigos queridos, geralmente os amigos saem prejudicados e os encontros vão acontecendo ao longo do novo ano.
3 de janeiro foi dia de reencontro, ainda estava me recuperando da maratona da passagem de ano e estava resmungona e ele delicado como um trator não se furtou de comentar diversas vezes meu mau humor, mas mesmo assim me aturou.
Nossa programação era andar no shopping, ele já chegou 20:40, então já me deu motivo pra reclamar, eu desço ele ta comendo sorvete, ensino um novo caminho para ir ao shopping, chegando na entrada do estacionamento, que tal irmos a loja de construção, mudança de planos, passamos pelas luminárias cafonas, andamos pelos pisos elaborados, declaro minha paixão por madeira e depois de muito andar partimos para o objetivo número um, o shopping.
Corremos para comprar sua droga favorita, chocolates absurdamente caros, que eu particularmente não entendo o motivo, além de serem usados para me fazer passar o resto da noite negando receber bombas de chocolate na boca, duas lojinhas bobas depois, tudo começa a fechar, enquanto nos encaminhamos para a joia do shopping, a livraria.
Para nosso deleite já esta praticamente vazia, uma paz, já nem lembro se a música de fundo ainda tocava, sem gente falando, caminhos vamos aos quadrinhos, falamos trivialidades, consulto preços, andamos um pouquinho mais e chegamos ao cantinho de um dos nossos interesses sexualidade e fotos, prontamente nos aconchegamos no chão e as descobertas se iniciam.
Temos umas diferenças bem gritantes, eu tentando ganhar a vida e ele já estabilizado tentando melhorar de vida, isso sempre acarreta na mesma coisa, ele quer viajar e eu mal posso sair, ele me chama pra sair e eu tenho que ficar em casa para poupar e o pior/melhor de tudo é que ele vive a me presentear e eu vivo mal por nunca retribuir.
Mas esse fim de ano, que aconteceu no começo do ano, eu estava decidida, daria um presente a ele, de qualquer jeito, só não sabia o que ainda, mas o cenário se desenhou perfeitamente e eu me deparei com o presente, um livro, recheado com fotos de homens nus dividido por décadas, mostrei a ele, ele logo curtiu, falei que verificaria o preço e o deixei se distraindo com as outras maravilhas.
Sorrateiramente fui ao caixa, paguei, falei que era presente, mas que não precisava de embrulho, entreguei a o presente,sem embrulho, sem dedicatória e seguido de se quiser aproveitar que a gente ta aqui e trocar por outra coisa fica livre.
Não foi a troca de presente mais calorosa do mundo, mas foi sincera, ele logo riu e adorou o presente, voltamos ao nosso cantinho, a essa hora a livraria inteira era praticamente nossa, poucos gatos pingados ainda faziam alguma leitura ou pesquisa.
Continuamos conversando, vendo livros, ele me fotografando sem parar, zoando meus pés, me chamando de hobbit, isso tudo nosso mundinho tranquilo, cercados de estantes de madeira, em um chão de madeira, com milhares de livros a nossa volta, tudo perfeito, vamos fazendo descobertas, até que eu me deparo com um livro e fico apaixonada pelo personagem da capa, desconheço o autor e sua história, mas prontamente ele pega o livro da minha mão e começa a me contar sobre o autor, enquanto tira do plastico o livro e me deixa folhear.
Sofro muito constantemente da doença "paixão a primeira folheada", dessa vez não foi diferente, me vi perdida de amores, fui conferir o preço e percebi que perdida mesmo era minha conta bancária e que dessa vez essa paixão não se realizaria, voltei para nosso lugar cabisbaixa e relutante, mas entreguei o livro para ele com as palavras marcantes - por direito é meu, vi primeiro, mas como não tenho dinheiro é seu.
Continuamos fuxicando, conversando, até que a fome apertou e fomos embora para o caixa, ele pagou e pediu para presente, eu lerda nem percebi, mas assim que a caixa devolveu o livro embalado, ele me deu!!!!
Nossa troca de presentes não poderia ter sido melhor, quando comecei a escrever pensei em falar do livro, mas acabei falando de nós e esta bem também, nós realmente somos uma dupla que vale a pena falar quantas vezes forem necessárias, você sempre me faz bem, sempre haverá tempo para falar sobre livros e pessoas falando de livros, mas só tem duas pessoas para falarem sobre a nossa relação, então espero que isso conte como dedicatória.
Obrigada por todo carinho, cuidado e amor doados a mim, meu querido ursinho. 


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Eu tive o prazer de conhecer meninas incríveis, realmente fantásticas e algumas eu tenho a sorte de chamar de amigas, que estão buscando suas realizações, seus sonhos, uma maneira de evoluir e se parecer mais com que esperam de si.
Toda essa eterna busca é maravilhosa, eu mesma compartilho dessa constante vontade de me aprimorar, de me tornar uma melhor versão do que eu sou e posso ser.
No meu caso essa busca é algo muito pessoal, não tenho um modelo externo fixo, do tipo "quando crescer eu quero ser igual fulaninho de tal", claro que tenho modelos diversos, pessoas que eu admiro certos traços, mas sobre tudo tento ter em mente que não é um modelo fechado.
Cheguei a essa idéia ao me deparar com pessoas que possuem características admiráveis que no entanto são aversos a minha personalidade e me forçar a ter tais características seria mais um deserviço, não quero me parecer com um padrão do que é considerado bom, quero sentir como se houvesse realmente alcançado o meu melhor.
As vezes conversando com as minhas queridas percebo que o amor as faz esquecer do que podem ser, ser um par é ceder, é aprender a compartilhar, a ponderar as necessidades e as possibilidades, mas nessa balança as desvantagens me parecem pesar com certa regularidade no lado feminino. 
E de certa maneira elas sabem disso e dão as mais diversas explicações," monetariamente é mais vantajoso que ele se especialize mais","ai isso não ia dar em nada mesmo","nós dois estamos nos sacrificando, é injusto eu insistir nisso","eu me adapto mais fácil".
Me pergunto se isso é uma disposição delas ou se socialmente fomos treinadas para aceitar mais abrir mão das nossas vontades, dos nossos objetivos, nessa sociedade patriarcal soa até complicado pensar em mulheres com planos, com vontades além de complementar uma parceria.
Vejo muito das minhas meninas com esse sentimento limitante e no fundo se é auto imposto ou socialmente introjetado não é realmente o que despertou meu pensamento hoje, o que me levou a refletir foi o futuro.
Quanto tempo podemos ser felizes abrindo mão de nós mesmas? Quanto tempo dura nossa auto omissão?
Deixar de ser quem se é por um bem coletivo, pode se mostrar eficiente a curto prazo, resolve as pequinesas, mas cria sombras, que no começo não são relevantes, no começo você tem orgulho de como o outro brilha, rola toda uma atração por aquela luz, como ele é inteligente e como você o apoia nesse crescimento, até que a luz dele deixa de ser suficiente para afastar as sombras.
Tenho medo que um dia elas se encontrem cercadas de frustrações e se sintam perdidas, as vezes mergulhamos muito fundo e quando tentamos nos situar não conseguimos saber qual a diferença de subir ou descer.
Esse sentimento pode levar a um ressentimento complicado de curar e partiria meu coração ver os meus raios de sol opacos de amarguras, espero que todas tenham força para traçar seus caminhos e que entendam como são importantes e únicas, capazes de realizar os feitos mais incríveis.
Todos já passamos por angustias e não é fácil sair delas, mas com certeza saímos mais fortes, meu desejo é que sempre saibamos onde é o nosso norte, ficar perdido faz parte de percorrer qualquer caminho, mas saber se achar é a batalha real, pelo menos para mim.

Phisis
Essa é a hora de colocar as resoluções de fim de ano em prática, só que esse fim/começo de ano foi diferente pelo menos para mim, pela primeira vez organizei uma festa de fim de ano, tarefa que já seria um pouco complicada por si só, que devida a minha natureza ansiosa se tornou uma missão quase impossível.
Esse ano eu seria a anfitriã, ficaria responsável pelo grande evento, me senti o próprio Atlas, teria que equilibrar a casa limpa, a decoração, a comida e a animação do grupo nas minhas mãos sem deixar a peteca cair.
Tive sorte o grupo recebido não poderia ser melhor, quando perguntei o que queriam falaram logo - Vamos pedir pizza!- tudo seria fácil se eu não fosse a louca controladora e ansiosa que sou.
Começou a fase do planejamento, onde tudo ganha o esboço para o grande final.
A pizza se transformou em jantar, hora de por em prática meu vasto repertório de receitas, ou seja, frango ao molho de requeijão com batatas e cenoura e frango com molho de mel e mostarda, por sorte todos comiam as iguarias, uma parte resolvida.
Festa não é festa sem decoração, fui a caça da ornamentação de fim de ano toda boba alegre, crente que seria a coisa mais simples do mundo, até que me deparei com os preços, como pode plástico custar tão caro, depois de muito me perguntar onde esse povo esta com a cabeça, contei as moedas e percebi que se quisesse decoração teria que ser criativa.
Pois bem comecei traçando os elementos que eu queria na decoração, depois de me sentir o capitão planeta, cheguei a conclusão que precisava de água, flor e fogo, fogo sempre ta uma sensação mais intimista, aconchegante e esse era o objetivo, que os meus amigos se sentissem em casa.
Passei novembro e dezembro fazendo planos e perturbando todos com a minha loucura, deleguei missões para todos, foi definitivamente um ano novo coletivo, todos embarcaram na aventura e fizeram a festa sair.
Dia 26 foi o dia do meu padrasto entrar na roda, depois de trabalhar dia 25, chegar em casa a noite, cochilar um pouco, acordou duas horas da manhã, comigo acordando a casa inteira para que me acompanhassem até a cadeg para comprar as flores, uma pequena viagem ao jardim sem raiz, todos com remela nos olhos, mais ainda assim compreensivos, compramos todas as flores que eu queria e voltamos para casa.
Minha mãe é uma amante de festa, nasceu dominando a arte de ser a anfitriã e diante da minha visível falta de idéia do que fazer, começou a ajudar, forneceu pirex, toalhas, guardanapos decorados, pratinhos e até o pisca pisca de flor, que eu furtei da árvore de Natal que ela nem sabe que emprestou, metade da casa dela esta aqui e ela não faz imagina, o que seriam de nós sem as mães...
Meu pai já não aguentava mais me ouvir falar disso, além de ceder a casa, me ajudar regando o mais novo jardim e a tirar ele da janela toda vez que o sol inclemente tentava matar as flores, me buscar no mercado, ir comprar as frutas e me levar em Inhaúma para conferir que os gatos estão com vida, ainda curte meus amigos e conversa com eles.
Anderson foi o que mais sofreu, faltando umas três semanas para a virada, percebeu que tentar colocar senso na minha mente megalomaníaca não estava funcionando, abandonou seu lado racional e embarcou na minha loucura, saiu a caça de mini aquários, pedrinhas e velhinhas de flores que flutuassem, foi ao mercado comigo diversas vezes, enfrentou meu mal humor, minha histeria e ainda me ajudou consertar a fonte de Buda que estava a seis meses paradas e  participou com um sorriso no rosto dos meus simulados de ano novo, sim houveram simulados de ano novo.
Depois de resolvidas todas as questões fora de casa, foi a hora de voltar os olhares para dentro do apê, precisava de uma limpeza monstro e que todas as comidas fossem feitas.
Minhas habilidades para tarefas domésticas são quase zero, então entre limpar tudo e fazer a minha parte das comidas, algo ficaria por fazer, por sorte meu amor é um mestre nessa arte, então limpou a casa toda praticamente sozinho, enquanto eu fazia o cachorro quente, os frangos, errava o brigadeiro duas vezes, a proposito só rolou brigadeiro de colher...
Então chegou o grande dia, 31 de dezembro, toalhas na mesa, comidas servidas, bebida geladas, arranjos feitos, flores colocas, começa a chuva e falta luz.
Bate um desespero, e se ninguém vier, lugares alagados pelo Rio, minha cabeça rodando até que eles começam a chegar.
Tudo fica melhor, apesar de perturba-los com vários e-mails, com listas infinitas de coisas para trazer, com sorteio online do amigo oculto, falta de luz, chuva eles vieram e então a noite começa, a luz de velas e bate papo.
A bilhete de entrada do Ano Novo vem inteiramente grátis com direito a troca de presentes no escuro e via WhatsApp, pois tivemos amigos que realmente não conseguiram vir, a lanterna de celular que o tempo todo nos levava ao engano de que a luz tinha voltado, isso tudo regado de muita risada.
Depois de desapegar da luz, quem resolve voltar, a luz!
A brincadeira então começou a ficar séria, nos dividimos em grupos e começamos o imagem e ação improvisado, depois de muitas adivinhações cabulosas, peppa pig, os trapalhões na terra do demônio, pouca ronca, e símbolos universais ignorados foi a hora de por a casa da vizinha em chamas!
Depois de apagar o fogo, de curtir a virada da noite, de beber champagne, descobrimos que fogo era um tema recorrente de ano novo e nem as balsas dos fogos de artificio escaparam, desligamos a tv e voltamos aos jogos e a comilança.
Lá pras seis da manhã o sono pega um em uma cadeira, pega outro no sofá e para minha alegria todos resolvem dormir aqui, montamos o acampamento!!!!!
Dia 1 de janeiro e a festa continua, onze horas chega mais gente, eu faço um voar do colchão inflável, o outro já dobra a roupa de cama do sofá, todo mundo tomando café, se divertindo, mais gente chegando, o grupo todo reunido e a passagem de ano vai acontecendo do melhor jeito possível, cercada de amizade, carinho e risadas.
Meu 2015 de fato não começou  com uma lista de resoluções para o ano que vem a frente, no entanto começou com sorriso no rosto, abraço coletivo e cercado de amigos, acho que a troca foi justa, agradeço a todos pelo carinho, pela paciência e por tornarem a minha virada de ano em uma coisa maravilhosa, já ouvi falarem que o ano seguinte é reflexo de como foi sua virada então só posso concluir que esse novo ano promete muito amor, muita união, diversão e talvez um pouco de falta de luz.
Agradeço a participação de todos os envolvidos ;)





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