Phisis
Temos vários amores, ao longo da vida, vamos amando muitas vezes,passando por eles, até que nos deparamos com O Amor, aquele que nunca foi sentido, que quase nos mata na ausência da pessoa amada, aquele por quem fazemos surpresas, faltamos compromissos, cuidamos, botamos acima de nós mesmos, aquele Amor que vem acompanhado de lágrimas de pura saudade, da sensação de morte eminente, mas que também vem com o toque mágico, aquele toque que nunca foi experimentado antes, uma coisa sublime, esse Amor geralmente é depositado em uma pessoa, que passa a ser o motivo, a razão dos nossos atos, deixamos de ser individualista e passamos a ver as necessidades aos pares, só nos serve, se servir ao outro também.
As vezes passamos a vida com O Amor, nos unimos a ele e passamos os próximos 75 anos com ele,dividindo tudo, tendo muitas alegrias e muitas brigas, mas sempre com a certeza de estar tudo bem por que Ele esta la, até o dia que um dos dois não pode mais estar, as vezes acontece dele morre primeiro, é amaldiçoado, dizemos que ele nunca soube fazer nada direito,sempre foi apressado, mas no fundo é um jeito de se lamentar por ele ter ido sem você, durante tanto tempo caminhando juntos, mas pode acontecer da nós irmos primeiro, eles param de comer, de se socializar e logo nos acompanham e assim a vida passou e teve sorte aquele que descobriu o que era Amor e seguiu com ele até o fim.
As vezes, por mais que os planos estejam feitos, o Amor não tem como nos acompanhar e quando ele se vai é como se fosse dado um tiro no nosso coração, nos sentimos mortos, ficamos de luto por nós mesmos, choramos e tudo nos lembra aquele que se foi, um perfume, uma musica, uma loja, em vão mudamos o visual, fazemos regime, tudo para tentar deixar ir, o que não estamos preparados para perder, abrir mão dos planos para vida toda, da alegria, do carinho, porém o tempo nos ajuda e vai levando aos poucos, com o tempo choramos menos, as coisas normais vão deixando de estarem ligadas ao Amor e a vida volta ao ritmo, vamos achando amores no caminho, nos distraindo, até que surge um novo Amor e dele ficamos refém novamente.
Esse segundo Amor, jamais será tão destemido, tão descontrolado, tão inocente, quanto o primeiro Amor, será intenso, com surpresas, mas como tudo que passa deixa marca,por isso mesmo, talvez menos esperançoso, mas ainda assim sincero, apaixonante, envolvente, cativante, cheio de boas ações, talvez com menos planos, mais maduro, menos novato e ainda assim esse pode escolher não ficar com a gente, quando esse passar será como um tiro na cabeça, tão mortal quanto o primeiro, mas bem menos poético, mais racional, ainda que fulminante, assim como o segundo Amor é, e passaremos pelo segundo luto, como viuvas que enterram seus maridos, enterramos os nossos planos de vida a dois, toda vez que um Amor se vai e ai virão mais amores, cada vez mais fúteis, somente para aliviar a alma, podemos achar um terceiro Amor, esse será bem menos corajoso que o primeiro e bem mais desconfiado que o segundo, mas ainda assim nos causará grande emoção e se passar será como um tiro na espinha, não é mortal, mas nos causa grande dor.
E assim vai acontecendo com os Amores, até que passarão a ser tiros de raspão e ai temos a certeza que passaremos a vida cuidando apenas de nós mesmos, zelando e vivendo por nós, sem contar e sem ter que amparar ninguém.
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1 Response
  1. Uau, que texto! Extremamente humano e falando do fundo da alma. Dá pra sentir um turbilhão de sentimentos nas palavras. =D